VRSA: superbactéria brasileira

As superbactérias são capazes de continuar sua multiplicação mesmo quando tratadas com determinado tipo de antibiótico.

As superbactérias são extremamente difíceis de tratar, sendo fundamental um diagnóstico rápido.

Em abril de 2014, foi publicado um trabalho no periódico The New England Journal of Medicine intitulado Transferable Vancomycin Resistance in a Community-Associated MRSA Lineage. Nesse artigo, cientistas brasileiros, americanos e europeus descreveram uma nova superbactéria encontrada no Brasil.

Geralmente, utiliza-se a expressão superbactéria para designar um tipo de bactéria que é bastante resistente a antibióticos, o que pode dificultar bastante o tratamento e agravar o caso de alguns pacientes, podendo até mesmo levá-los à morte. O tipo descrito no trabalho é de uma VRSA (Vancomycin Resistent Staphylococcus aureus), uma linhagem de Staphylococcus aureus que é resistente à vancomicina e também à meticilina.

A bactéria descrita nesse estudo foi chamada de BR-VRSA e foi encontrada em um paciente no Hospital das Clínicas de São Paulo, em 2012. O paciente em questão apresentava 35 anos e estava tratando de um tipo de câncer de pele.

Ao perceberem a infecção bacteriana, os médicos logo identificaram que se tratava de uma bactéria resistente à meticilina, conhecida por MRSA (Methicillin Resistant Staphylococcus aureus). Iniciaram então o tratamento com vancomicina, a primeira alternativa escolhida nesses casos. Entretanto, o paciente não respondeu ao tratamento. Os médicos então verificaram que se tratava de uma VRSA e recorreram a outros antibióticos após perceberem a resistência à vancomicina. Eles obtiveram sucesso no controle dessa infecção, porém, após alguns meses, o paciente veio a óbito, entretanto, a causa não estava relacionada com a superbactéria.

Após análise molecular, observou-se que a superbactéria analisada diferenciava-se das outras VRSA por apresentar um material genético herdado de bactérias encontradas fora das dependências de hospitais. Isso significa que ela pode estar fora do ambiente hospitalar, sendo um risco até mesmo para pessoas que estão saudáveis, podendo tornar-se um grave problema de saúde pública.

Apesar de ser possível a cura da infecção pela BR-VRSA, é necessário um diagnóstico extremamente rápido para que seja escolhido o antibiótico adequado. Entretanto, nem sempre isso é possível, dificultando o tratamento não só da BR-VRSA, mas também das outras superbactérias.

A principal causa do surgimento de superbactérias é o uso indiscriminado de antibióticos no mundo. Algumas vezes utilizado de maneira incorreta e outras vezes prescritos de forma desnecessária, esses remédios acabam selecionando bactérias mais resistentes e difíceis de tratar. Sendo assim, é fundamental um controle maior na venda desses medicamentos, um maior cuidado por parte dos médicos ao prescrevê-los e que todos os pacientes tenham em mente que é fundamental que o tratamento seja feito seguindo rigorosamente as recomendações.

Além disso, é importante bons hábitos de higiene por parte dos profissionais da saúde, como a limpeza do ambiente hospitalar e o isolamento dos pacientes com as superbactérias. Apesar de serem medidas simples, podem ser eficazes para barrar as infecções nesses locais.

Se você quiser conhecer o trabalho original sobre a superbactéria brasileira, clique aqui!


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Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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